Poesia
Ó minha desconhecida
Que formosa deves ser…
Dava toda a minha vida
Só para te conhecer!Mais fresca e mais perfumada
Do que as manhãs luminosas,
A tua carne dourada
Como há-de saber a rosas!Da minha boca de amante
Será o manjar preferido
O teu corpo esmaecido
Todo nu e perturbanteQue bem tu me hás-de beijar
Com os teus lábios viçosos!
Os teus seios capitosos
Como hão-de saber amar!…Os teus cabelos esparsos
Serão o manto da noite,
Um refugio onde me acoito
Do sol dos teus olhos garços.Olhos garços, cor do céu.
Cabelos de noite escura,
Será feita de incoerências
Toda a tua formosura.Os dias que vou vivendo
Tão desolados e tristes
É na esp’rança de que existes
Que os vivo … e que vou sofrendo…
Mário de Sá Carneiro, “Quadras para a desconhecida“